quarta-feira, 31 de março de 2010

As relações constroem-se como peças de puzzle

Recebi por mail este texto, já com um mês e meio de atraso, mas achei por bem partilhá-lo.

"Vivemos na época do descartável. E do imediato. E colámos de tal modo estes conceitos ao nosso dia-a-dia que deixámos de dar valor ao que temos. Não funciona, substitui-se por outro. E de preferência já. O pior é que demos o mesmo tratamento aos sentimentos, às emoções, ao amor.
Temos tudo tão facilitado, é tão simples conseguirmos as coisas, que estamos a esquecer-nos do que é desejar, «perder tempo» a conseguir, sentir que se está quase lá... e por fim a satisfação de termos vencido uma batalha que nos consumiu esforço e energia, que nos exigiu investimento.
É também assim naquilo a que chamamos as relações amorosas. Olhamos, queremos e temos. Às vezes no espaço de poucas horas. Ao entusiasmo inicial segue-se muitas vezes um imenso vazio. Porque as relações constroem-se como peças de puzzle. Ou de um lego. É preciso ver o que encaixa melhor, onde se deve pôr a peça seguinte para que a construção não desmorone e no final tudo faça sentido.
Temos de investir tempo, esforço, energia e amor nas nossas relações. O que é muito difícil nos dias de hoje. Porque andamos a correr, porque as oportunidades podem desaparecer tão rapidamente como surgiram, porque é fácil «substituir», porque não vemos razão para ter trabalho a manter alguma coisa que não nos custou a conseguir.
Se calhar, os grandes amores, aqueles que nos fazem suspirar, que deram origem a grandes romances, só são possíveis porque... são impossíveis.
Só quando não podemos ter é que percebemos que esse desejo de «ter» nos vai acompanhar toda a vida. A menos que lutemos pelo que queremos.
É o que acontece com amores contrariados, censurados, proibidos. Que perduram, talvez porque foram cimentados pela luta contra obstáculos quase intransponíveis."


(Sofia Barrocas, Notícias Magazine de 14 de Fevereiro de 2010)

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